"Vai ter que amar a liberdade, só vai cantar em TOM MAIOR, vai ter a felicidade de ver um Brasil melhor..." (Tom Maior - Martinho da Vila)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Saudosismo


Hoje acordei com vontade de ouvir aqueles sambas bonitos, com composições que hoje em dia é difícil de achar. Embarcando na onda desse saudosismo resolvi desenterrar os LP’s que guardo com tanto carinho em uma parte do meu armário, ali sim eu acharia aquelas composições que eu buscava. Em uma tentativa desesperançada tentei fazer com que funcionasse o toca-discos aqui de casa, óbvio foi inútil! Frustrada me rendi aos meus CD’s que não me deixaram a desejar porque graças a Deus modesta parte eu tenho bom gosto. Foi então que ouvindo o CD “História do Samba – Portela” começou a tocar a música “O Quitandeiro”, nesta faixa um senhor contava a história dessa música, dizia ele que por volta de do ano de 1932 um colega dele (Chocolate) fazia aniversário, e o Paulo da Portela reuniu a rapaziada para dar um pulo na casa do Chocolate, mas disse que precisava ir cantando alguma coisa em referência ao aniversário, foi então que ele improvisou: “Quitandeiro leva cheiro e tomate na casa do Chocolate que hoje vai ter macarrão...”. Achei incrível constar um relato desse tipo em um CD e pensei: “Poxa, quem dera existir nos CD’s esse tipo de relato.” Eu não digo nem a nível de ser gravado como áudio antes da música como nesse CD, digo em relação á ser impresso no encarte.

Foi aí que bateu o saudosismo mais uma vez, lembrei que nos LP’s existiam textos explicativos em cada música, onde neles eram destacados o ano em que a música foi feita, em que situação ela foi composta e uma das coisas que eu gosto muito, nesses textos exaltavam os instrumentistas que naquela música davam um show a parte.
Tá certo que quando eu tinha meus 12 anos de idade o LP já estava sendo extinto e surgia o mercado uma nova mídia, o “CD”, mas eu curtia (curto) tanto o LP que eu me lembro que nem me importava muito com o CD, quando comecei a me ligar nessa mídia, lembro-me de ter procurado em seu encarte essas tais descrições que continha no LP, e vou ti falar a verdade... Decepcionei-me um pouco! Com o passar do tempo fui me acomodando e deixando de lado os LP’s que já estavam ficando escassos e nem se conseguia mais achar a tal “agulha” para se colocar no braço do toca-discos. Fui me rendendo ao CD que era uma mídia melhor, não precisar mudar de lado para se ouvir as outras faixas (confesso que essa parte era um saco, rsrs) e você ainda pode guardá-lo dentro de uma bolsa, mochila, o que era difícil fazer com um LP devido ao seu tamanho.

Hoje com toda essa modernidade que nos é imposta, ainda sinto saudades dos bons e velhos LP’s, sei que há melhores meios de mídia, isso não é dúvida para ninguém, mas sinto que o LP de uma forma “antiquada”(pois não há nada mais antiquado que um LP) nos aproximava do artista, nos deixava a par da situação das gravações, lembro que em certos LP’s constava até agradecimentos á faxineira que limpava a bagunça no estúdio,rsrs. Tudo bem... Vocês podem me dizer: “Ah mais existe o “Youtube” que ti aproxima do artista também”. Ok é uma forma de aproximação muuuito eficaz, realmente você vê o artista cantando em um show ou em uma forma acústica possibilita uma aproximação Ídolo x Fã enorme, mas dificilmente você vê nos vídeos o artista contando como foi o processo de composição de tal música, conseguimos saber algumas coisas nos extras dos DVD’s, porém, é muito raro, normalmente você vê mais o Back Stage do que a “contação” mesmo de tudo.

Hoje tive o prazer de pegar um LP do Zeca e ler como ele compôs “S.P. C”, “Se Eu For Falar de Tristeza”, vi no LP da Jovelina como ela fez no ônibus a música “É Isso Que Eu Mereço” e tantos outros artistas com suas formas curiosas de compor... É disso que eu tento falar aqui, a essência, a particularidade de tudo parece-me estar sintetizado nesses encartes amarelados com o tempo. Agora pense comigo, não seria bom ter essas informações nos encartes dos CD’s? Mesmo colando as músicas em meu mp3 ou em meu ipod e escuta-las nas conduções, eu pelo menos sentiria o prazer de chegar em casa, botar o CD pra tocar e abrir o encarte e lê em que ano tal música foi criada, em que circunstância... Eu como consumidora ficaria muito grata com isso tudo.

Mas enquanto isso ainda não é possível, nem sei se um dia haverá de ser, me contento com meus LP’s que muito me honra em dizer estão em ótimo estado, tá certo com as páginas amareladas com o tempo, mas me causando ainda a mesma alegria e prazer de quando eu tinha meus 12 anos de idade.